Mauro Santayana - É
Preciso reagir.
É preciso reagir. Os alemães dos anos 20 e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e comunistas. Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique. Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento e a vida, essa acovardada tolerância.
É preciso reagir. Os alemães dos anos 20 e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e comunistas. Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique. Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento e a vida, essa acovardada tolerância.
Não sou propriamente
amigo do Mauro Santayana, mas seu leitor, ávido e atento. Santayana neste
escrito – É preciso reagir – ataca os movimentos que estão feitos, segundo a
imprensa internacional, para higienizar as cidades brasileiras. Fecho com ele ipsis literis. Mas dentro desta linha de
pensamento – reação – precisamos reagir à essa volta aos tempos das cavernas
que estamos vendo inclusive em pessoas de bons conhecimentos e inteligência
longa. Açoitados em todos os noticiários com crimes hediondos, crimes banais
(se é que se pode chamar um crime de banal), comuns mas com todos os detalhes
sórdidos de um crime eviscerados com um único propósito: chocar os leitores,
espectadores e ouvintes e desse modo criar o caos... Falam em crime “bárbaro
que chocou a população”, como se TODOS os crimes não fosse bárbaros e
chocantes. O momento de aleijar uma pessoa ou tirar-lhe a vida é bárbaro e
chocante na mesma intensidade independente do modus operandi do criminoso. Pouco interessa se usou um carro
importado ou uma navalha. O impacto – o aleijume ou a vida perdida – é o que
interessa.
Quantos milhões de
pessoas vivem em São Paulo, capital e seus arredores? Cifra para quase vinte
milhões? Pelas reportagens, é um tiroteio só. Estou pensando em ser
papa-defunto em São Paulo! Seriamente pensando. Aquilo lá é um filão de ouro.
Se e somente se, confirmarem-se o tempo proporcional destas notícias do total
dos jornais, em números de crimes, abrirei uma loja para venda de caixões... Se
um só jornal o Nacional, dá de seus 45 minutos, 30 de assassinatos, é dois
terços da população assassinada semanalmente. Já nem mencionei diariamente.
Isso dá quase quatorze milhões de mortos. Vai ficar que nem Carandiru! Vai ter
presunto empilhado e falta de último leito nos cemitérios.
Agora, sem humor, que a
coisa é séria! As redes sociais estão cheias de menções às diversas religiões.
Frases de consolo, amor ao próximo, boas intenções. E não mais que de repente,
a pessoa que as postou, coloca-se a favor da pena de morte, a favor da volta da
ditadura, a favor da alteração do limite da maioridade, numa ira de bárbaro que
quer, babando, se der, fazer isso com as próprias mãos.
As soluções para a
diminuição de crimes começam pela palavra inclusão. E leva algum tempo para
surtirem efeitos. Já estamos observando que a política de inclusão do Governo
Federal, iniciada timidamente, para compensar os malefícios causadas por ele
mesmo com a abertura neo-liberal, por Fernando Henrique Cardoso, ganhou impulso
e virou política de Governo para valer nos governos subseqüentes, está aí para
mostrar que o investimento no social é sim um caminho para a diminuição de
crimes. Já há estudo nesse sentido. Só não dá para nos indignarmos, depois de
quinhentos anos, com essas coisas, e pedir que num estalar de dedos se faça o
que não se fez naqueles quinhentos.
E o estalar de dedos tem
nome: higienização via mortes de mendigos, mortes de criminosos, prisão
perpétua, modificação de limites de idades, ditaduras militares...